Com a participação de cerca de 2,5 mil pessoas, o 1º Festival da Cultura Indígena, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura, em Rio Tinto, foi considerado um sucesso pelos próprios nativos. O colegiado de caciques presentes na festividade classificou o evento como o melhor realizado em suas terras.

O Festival aconteceu no último sábado (6), no pátio do Casarão dos Lundgren, moradia de verão construída por essa família, que investiu em fábrica de tecidos e outros negócios, no início do século passado. Localizada dentro do território Potiguara, a construção é tombada pelo Patrimônio Histórico.

Das 9h às 19h, passaram pelo palco e terreiro do evento 29 apresentações de dança, teatro, cantoria, lapinha, burrinha, toré, ciranda e coco de roda. A festa dos povos originários paraibanos atraiu, também, visitantes do Rio Grande do Norte e de Pernambuco, entre eles jornalistas.

Uma comitiva de Paulista (PE), onde os Lundgren também mantiveram empresa, acompanhou o Festival, com fotografias e filmes para apresentação em evento posterior, incluindo escolas do município.

Enquanto nas tendas do artesanato o público via e comprava peças criadas nas aldeias Potiguara e Tabajara, nas tendas da culinária se deliciava com beijus, tapiocas, bolos e mugunzá.

Entre as atividades que mais atraíram a atenção e participação do público estava a pintura indígena, que se utiliza de tintas naturais extraídas do urucum e do jenipapo. O urucum dá vários tons avermelhados, enquanto as sementes do jenipapo produzem o preto.

Os indígenas associam as duas cores em pinturas vistosas nas costas, peito, pernas, braços e rosto. E o público seguiu esse ritual, fazendo fila para a pintura corporal.

O toré foi o ritual mais apresentado pelas aldeias participantes do Festival. A dança mais conhecida dos indígenas surgiu em vários momentos: houve o toré dos caciques, abrindo o Festival, e torés realizados por algumas aldeias, tanto potiguaras como tabajaras.

A estrutura do evento contou com palco e pavilhão para apresentações, tendas, mesas e cadeiras, iluminação e som. E a segurança foi feita por guarnição do Pelotão Indígena da 2ª Companhia da Polícia Militar e da Força Regional da PM. Como também uma ambulância ficou de prontidão para emergências médicas.

O secretário de Estado da Cultura, Damião Ramos Cavalcanti, fez sua saudação em Tupi: “Peruraikatu iké”, que quer dizer “sejam bem vindos”. Ele agradeceu a participação das aldeias, o empenho dos caciques e dos grupos artísticos. “É bonito ver todos aqui, mostrando seus conhecimentos e sua cultura original. O Festival cumpre esse papel de fortalecedor desses conhecimentos. Digo desde já que o Festival Indígena permanecerá em nosso calendário, e deve continuar crescendo, ocorrendo também em 2023”, adiantou o secretário Damião.

Sandro Gomes Barbosa, cacique geral potiguara, saudou seu povo, agradeceu o esforço na realização do Festival e disse que a nação indígena seguirá com o compromisso de ajudar e tornar efetivo o evento nos próximos anos.

A prefeita de Rio Tinto, cidade anfitriã do Festival, Magna Gerbasi, também elogiou a organização do Festival, falou da importância da cultura indígena e seus rituais de dança, seu artesanato e culinária.  Cristiane Almeida, secretária executiva da Mulher e da Diversidade Humana do Estado, também saudou os Potiguaras, Tabajaras e público em geral.

O Festival teve ainda apoio das prefeituras municipais de Rio Tinto, Marcação, Baía da Traição e Conde.

O representante da Igreja Católica no evento, padre Emanuel, dançou toré, cantou hinos religiosos indígenas e disse que sua presença ali era uma reverência aos povos originários, um reconhecimento à força dessa cultura e, sobretudo, um pedido de desculpas pelas faltas passadas da Igreja com esses povos.

Um dos momentos mais importantes entre os rituais ocorreu na abertura do festival, com a bênção dada pela pajé Maria de Fátima da Conceição. O ato se repetiu ao pôr do sol, no fechamento do evento.