Mesmo em pequenas doses, o consumo de álcool causa prejuízos ao cérebro, como dificuldade para andar, visão turva, voz arrastada, danos à memória e retardo no tempo de resposta, que pode levar a acidentes de trânsito. O alerta é do neurologista Ronaldo Bezerra de Queiroz, médico cooperado da Unimed João Pessoa. “O tempo de resposta é, definitivamente, primordial para livrar-se de um acidente e pode ser comprometido mesmo pela ingestão de uma quantidade mínima de bebida alcóolica”, ressalta o médico.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ao longo de 2019, o total de acidentes provocados por bebidas alcoólicas foi de 5.631 nas rodovias federais. Cerca de 18 mil motoristas foram notificados por serem flagrados dirigindo sob efeito de álcool.

Outra consequência do excesso de ingestão de bebidas alcoólicas é a dependência ou déficit de tiamina (Vitamina B1), que pode levar à síndrome de Wernicke-Korsakoff, caracterizada pela perda de memória anterógrada (eventos futuros) e de memória retrógrada (acontecimentos passados). “Os sintomas incluem confusão mental, paralisia dos nervos que movem os olhos e dificuldade de coordenação motora”, explica o médico.

PREVENÇÃO

Os idosos podem sofrer mais danos devido à maior dificuldade de metabolização hepática. Já os adolescentes têm risco maior de perda do volume cerebral, podendo levar à demência. Os fetos podem sofrer consequências pela ingestão de álcool pelas mães durante a gravidez. “No cérebro em desenvolvimento, pode acarretar dificuldades de aprendizagem e até efeitos mais graves, como a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Os efeitos são alterações nas características faciais e cérebro menor que a média para a idade [microcefalia]”, alerta o médico.

Exagerar na ingestão de bebidas pode levar, comumente, à dor de cabeça, náusea, cansaço, falta de apetite e, algumas vezes, tontura. É a conhecida ressaca. Ingerir bastante água durante e após o consumo de álcool, evitar alimentos gordurosos e apostar nos sucos detox podem ajudar a lidar com o mal-estar do dia seguinte. Assim como os efeitos imediatos no corpo, o consumo de álcool pode gerar dependência devido ao sistema de recompensas, pois altera o neurotransmissor dopamina, responsável pela sensação de prazer.

MODERAÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ingestão limite de álcool pode ser de, no máximo, 30 gramas por dia, o que equivale a três copos de chope ou uma dose de whisky. Porém, um estudo da Universidade de Oxford, Inglaterra, realizado em 2021, indica que não existe nível seguro de consumo de álcool para o cérebro. Apesar disso, sistemas do corpo como o cardiovascular e o digestivo, por exemplo, podem ser beneficiados por baixas doses de algumas bebidas alcoólicas.

O vinho, em especial, possui flavonóides, que aumentam a concentração do bom colesterol (HDL), assim como antioxidantes, anti-inflamatórios e anticancerígenos, importantes para a saúde do sistema cardiovascular. Já a cerveja melhora o funcionamento do sistema digestivo e é rica em magnésio, que promove o relaxamento muscular e diminui a tensão. A cachaça possui anticoagulantes, que melhoram a circulação sanguínea e previnem o infarto e a trombose.