O Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no campus II, em Areia, oferece 220 vagas para o curso gratuito “Tópicos em Violências de Gênero e Sexualidade”.

A capacitação terá carga horária de 60h e acontece de 16 de junho a 13 de agosto, das 18h30 às 20h, por transmissões ao vivo no Google Meet. Interessados devem se inscrever até o início das atividades, pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmica (Sigaa) da UFPB.

De acordo com uma das coordenadoras do curso, a professora Anita Leocádia, a iniciativa é parte do projeto “Gênero e Sexualidade em Debate: Educação em Direitos pelo fim da Violência”, que está na quarta edição.

“A motivação se deu pela preocupação com o crescimento da violência contra as mulheres e pessoas LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queers, Intersexuais, Não Binárias e mais vivências). Contamos com parcerias diversas num esforço coletivo de fortalecimento da educação em direitos”, conta Leocádia.

Segundo especialistas, a violência é um problema social complexo e difícil de ser erradicado. Ocorre frequentemente nas ruas, nas instituições e no interior das residências. Pesquisadoras entendem a violência de gênero como “um padrão específico fundado na hierarquia e desigualdade de lugares sociais sexuados, que subalternizam o feminino e amplia-se na proporção direta em que o poder masculino é ameaçado”.

Para a pesquisadora da UFPB, além de dispositivos legais, o enfrentamento da violência de gênero depende de um processo educativo que possa transformar mentalidades e mudar as atitudes das pessoas em geral.

“Somente através de estudos, novos conceitos e novas práticas educativas, além das punições previstas em lei, pode se construir o respeito para erradicar as violências contra as mulheres e pessoas LGBTQI+. É um problema grave em todos os espaços, especialmente em casa”, endossa a professora Anita Leocádia.

Dados do Mapa da Violência de Gênero, realizado pela organização Gênero e Números, apontam que, na última década, em média foram assassinadas 12 mulheres por dia no Brasil – as negras como as principais vítimas. Entre os diferentes tipos de violência registradas no mapeamento, mulheres foram vítimas de quase 90% dos 73 estupros cometidos diariamente no ano de 2017.

Pesquisa da organização revelou que, desde o período eleitoral até o primeiro semestre do ano passado, 92% da população LGBT afirmaram ter notado aumento da violência para as pessoas de múltiplas identidades de gênero e distintas vivências sexuais. Mais de 50% disseram ter sofrido algum tipo de violência: verbal (94%) e física (13%). Nesse contexto, os grupos mais vulneráveis seriam lésbicas, transexuais e travestis.

A professora Anita Leocádia ressalta que, com o curso na UFPB, o grupo de pesquisadores espera contribuir para a ampliação de conhecimentos sobre as violências de gênero e promover a crítica sobre “a naturalização da inferiorização feminina e das pessoas LGBTQI+”.

Leocádia acredita que é preciso formar agentes multiplicadores pelo fim da violência de gênero em diversos ambientes.

“Buscaremos abrir o debate em uma campanha educativa e difundir a cultura do respeito pela vida das mulheres e pela diversidade sexual. A supressão da violência representa um ganho vital, social e político para toda a sociedade, inclusive em saúde pública”, endossa a professora. Mais detalhes sobre o curso da UFPB podem conferidos no grupo da iniciativa no WhatsApp e na programação abaixo.

PROGRAMAÇÃO

1º Encontro – 16/6 – terça-feira – Aula inaugural 

Isolamento social e enfrentamento à violência doméstica na Paraíba

Maísa Félix Ribeiro de Araújo- Polícia Civil/CoorDEAM/PB

Renata Matias de Almeida- Polícia Civil/CoorDEAM/PB

2º Encontro – 22/6 – segunda-feira – Rita Cristiana Barbosa – DE/CCHSA

Violência cibernética contra as mulheres

3º Encontro -23/6 – terça-feira – São João em casa

4º Encontro – 29/6 – segunda-feira

A Violência doméstica e o apoio às vítimas

Isania Petrúcia Frazão Monteiro – SEMDHPB/CREF Fatima Lopes -CG

5º Encontro – 30/6 – terça-feira – Francy Silva – DLCV /CCHLA

Racismo e violência contra mulheres negras

6º Encontro – 06/7 – segunda-feira – Ass. Social Rociane Trajano da Fonseca – CAMOPS/CCA/UFPB

Violências de gênero no trabalho: assédio moral e sexual

7º Encontro – 07/7 – terça-feira

Gestar, parir e nascer na pandemia: reflexos da violência obstétrica

Waglânia de Mendonça F. Freitas Departamento de Enfermagem em Saúde Pública DESP/Centro de Ciências da Saúde CCS/UFPB

8º Encontro – 13/7 – segunda-feira

As mulheres na política

Deputada Camila Toscano – ALPB

9º Encontro – 14/7 – terça-feira

A CPI dos feminicídios na Paraíba

Deputada Cida Ramos – ALPB/UFPB

10º Encontro – 20/7 – segunda-feira

Homofobia e violência contra pessoas LGBTQI+

Saulo Emanuel Vieira Maciel – DCSA/CCAE

11º Encontro – 21/7 – terça-feira

A força da violência simbólica e a cultura do estupro

Anita Leocádia Pereira dos Santos-DFCS/CCA

12º Encontro – 27/7- segunda-feira

A violência institucional de gênero e o trabalho do COMU/UFPB

Tatyane Guimarães Oliveira e Lis Carolinne Lemos COMU/UFPB

13º Encontro – 28-7 – terça-feira

A invisibilidade das mulheres na Ciência

Mª Eulina Pessoa de Carvalho – PPGE/CE/UFPB

14º Encontro – 03/8 – segunda-feira  

Gênero e Ciência: as mulheres na Física

Mirleide Dantas Lopes – UAF/UFCG

15º Encontro – 04/8 – terça-feira

Sexualidade e história

Mª Ivete Correia – ADUFPB/UFPB

16º Encontro – 10/8- segunda-feira

Abusos sexuais

Mª Ivete Correia – ADUFPB/UFPB

17º Encontro- 11/8 – terça-feira – Aula de Encerramento 

A justiça em ação pelas mulheres, na Paraíba

Rosane Maria Araújo e Oliveira – Promotora de Justiça de Defesa da Mulher em João Pessoa – Núcleo de Gênero MPPB

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB